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Maracaju, Mato Grosso do Sul, Brazil
Professora de Artes na Rede Estadual - Escola Pe Constantino de Monte

Morre a árvore, nasce a arte

Morre a árvore, nasce a arte
Escultura de Elmar Medeiros em Maracaju

sábado, 20 de outubro de 2012

Lídia Baís - O que era pra ser e não foi...






As mulheres artistas de Mato Grosso do Sul têm em comum a mesma luta que as predecessoras no Brasil e no mundo, lutaram para seguir sua vocação artística, e quando conseguiram tomar a arte como profissão, encontraram a mesma dificuldade que os homens: o distanciamento dos grandes centros onde acontecem a formação, exposições, e toda a efervescência das novas vanguardas; assim como a falta de reconhecimento do trabalho artístico como uma das necessidades do ser humano. Lídia Baís enfrentou esses obstáculos dentro de sua realidade temporal.
Esta é sem dúvida a personalidade que mais desperta a curiosidade dos estudiosos da arte no estado do Mato Grosso do Sul. Lídia Baís construiu para si uma fortaleza de mistérios e proibições que ela mesma denominava de claustro, e sua obra só veio a ser conhecida e disponibilizada ao público depois de sua morte em 1985.
Caçula de numerosa e abastada família campo-grandense, foi desde muito cedo estudar em internatos e colégios religiosos, onde foi ensinada a ser passiva e submissa, mas não se conformou, e desejou ser livre pra seguir seu caminho. Freqüentou grandes escolas no Rio de Janeiro, como o ateliê dos irmãos Rodolfo e Henrique Bernardelli, e teve aulas com renomados artistas como, por exemplo, Osvaldo Teixeira, na Escola Nacional de Belas Artes, que contribuíram muito para a construção de suas obras.
Fez longa viagem pela Europa com familiares e freqüentou museus na Alemanha e na França, conheceu personalidades brasileiras que por lá estavam e viveu intensamente o meio artístico e social, mas ao retornar ao Brasil, foi obrigada pela família a permanecer em Campo Grande. Contra a vontade da família voltou ao Rio de Janeiro para retomar os estudos em arte e promoveu uma exposição em dezembro de 1929, mas com dificuldades financeiras, estabelece-se definitivamente em Campo Grande.
Na casa paterna ainda realiza pinturas murais, e para livrar-se de uma interdição imposta por seus irmãos, casa-se no civil, mas não permanece junto do marido e anula a união dois anos mais tarde. Seu pai vem a falecer logo após seu casamento, e ela recebe sua herança, e ao contrário do que todos esperavam, não vai para São Paulo, fica com sua mãe, e inicia um ambicioso projeto, o Museu Baís (RIGOTTI, 2009).
O que era pra ser um local de exposições jamais foi aberto ao público e Lídia Baís fechou-se também. Com o passar dos anos a excentricidade e o mistério em torno de sua personalidade foi crescendo, e segundo a escritora Raquel Naveira “era tida como ‘meio louca’ era uma personagem intrigante: uma artista de alma amarrada e flagelada, talento que desabrochou e foi abafado na marginalidade”. Segundo Paulo Sérgio Nolasco dos Santos,

Assim confinada, agiu como se respondesse às inúmeras dificuldades das condições sócio culturais do início do século, no lugar e tempo em que lhe coube viver. [...] pode-se ler em sua trajetória os traços do artista que não só se isolou do meio artístico, como também reconhecer o fato doloroso de que ser uma mulher, com vocação artística, nascida no início do século em 1901 [...] fez com que sofresse intensamente as circunstâncias da opressão patriarcal e social, caracterizadora dos costumes provincianos. (NOLASCO dos SANTOS in RIGOTTI, 2009, p.12)

Sua experiência adquirida com os irmãos Bernardelli, Oswaldo Teixeira e Ismael Nery, iniciador do Expressionismo Cubista e precursor do Surrealismo no Brasil, e que tanto influenciaram seu trabalho, foi desperdiçado, e exilou-se frente da incompreensão de sua genialidade (RIGOTTI, 2009).

Parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Artes Visuais apresentado por Gizely Virginia Mendes Zaatreh ao Centro Universitário da Grande  Dourados - UNIGRAN em Novembro de 2010. 

Veja e leia mais à respeito de Lídia Baís seguindo o Link:

Overmundo Lídia Baís: Santa ou Pagã - Clique para ler

Lídia Baís no Itaú CulturalClique para ler



Veja algumas obras de Lídia Baís

 

Lídia Baís - Auto retrato com pincéis







Lídia Baís - Retrato do irmão

Lídia Baís - Auto retrato

Lídia Baís - Auto retrato Sagrado Coração
Lídia Baís - Menino com Livros
Lídia Baís - Retrato de seu pai Bernardo Baís
Lídia Baís - Nossa Senhora com anjinhos
Lídia Baís - Retratos da Família Baís


Lídia Baís - Alegoria profética


Lídia Baís - Lídia como Nossa Senhora 1937

Lídia Baís - Micróbio da Fuzarca





Lídia Baís - Exposição permanente no MARCO

Lídia Baís - Nú


Lídia Baís - Pintura Mural

Lídia Baís - Alegoria
Lídia Baís - Última ceia de N. Sr. Jesus Cristo

Foto de Família - Baís foi o primeiro italiano que chegou à Campo Grande

Foto da Família Baís

Fotos da Família Baís na escada da Morada dos Baís

Objetos de Lídia Baís

Quarto de Lídia Baís

Materiais de pintura e telas de Lídia Baís




Foi o primeiro sobrado de alvenaria de Campo Grande, sua construção teve início em 1912 e foi finalizada no ano seguinte. Seu proprietário foi o Sr. Bernardo Franco Baís, pioneiro no comércio da região. Depois da morte de seu proprietário em 1938, a família alugou o sobrado para o Sr. Normando Pimentel, que o transformou em Pensão Pimentel, onde se hospedaram inúmeras famílias tradicionais do interior do Estado e ilustres personalidades da época no país, o trem do pantanal passava ao lado. Em 1979, foi desativada, ficando por muitos anos abandonada. Em 1990, a Prefeitura Municipal iniciou a sua restauração, reinaugurando-a em 1995 como Centro Cultural de Lídia Baís
Morada dos Baís - Foi o primeiro sobrado de alvenaria de Campo Grande, sua construção teve início em 1912 e foi finalizada no ano seguinte. Seu proprietário foi o Sr. Bernardo Franco Baís, pioneiro no comércio da região. Depois da morte de seu proprietário em 1938, a família alugou o sobrado para o Sr. Normando Pimentel, que o transformou em Pensão Pimentel, onde se hospedaram inúmeras famílias tradicionais do interior do Estado e ilustres personalidades da época no país, o trem do pantanal passava ao lado. Em 1979, foi desativada, ficando por muitos anos abandonada. Em 1990, a Prefeitura Municipal iniciou a sua restauração, reinaugurando-a em 1995 como Centro Cultural de Lídia Baís

Morada dos Baís antes da reforma e tombamento pelo IPHAN