Predominante na Europa do final do século XVIII e início do XIX, esse movimento artístico sugeriu o retorno à Arte da Grécia e da Roma Antigas reagindo aos exageros do Barroco e do Rococó. A arte já havia se utilizado desses
padrões durante o Renascimento,
no fim da Idade Média, aquele havia sido o primeiro retorno à tradição clássica.
Expressou os valores próprios de uma nova e
fortalecida burguesia, que assumiu a direção da sociedade europeia. Os ideais do
Iluminismo e da Revolução Francesa (1789-1799) (liberdade, igualdade e
fraternidade) favorecem um espírito cívico e de sacrifício
heróico que são temas da pintura histórica, que juntamente com os retratos, são consideradas as formas mais nobres da Arte.
A pintura foi
inspirada principalmente na escultura clássica grega e na pintura
renascentista italiana. E suas principais características são: o retorno
ao passado, pela imitação dos antigos modelos greco-romanos; academicismo
nos temas e nas técnicas (sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas academias de artes); o naturalismo, arte
imitando a natureza; e panejamento e detalhismo, cuidado excessivo na
representação de tecidos e texturas. O desenho é mais importante que a cor cor (não que esta tenha sido deixada de lado), e os ambientes são teatrais (sombrios ao fundo).
Alguns dos principais
artistas do movimento neoclássico Europeu foram:
Jacques-Louis David: (1748-1825) Nasceu em Paris e
foi considerado o pintor da Revolução Francesa e do Império de Napoleão, registrando fatos
históricos ligados à vida do imperador. Algumas obras: "Bonaparte
Atravessando os Alpes" e "A Morte de Marat".
Jean Auguste Dominique Ingres: (1780-1867) Foi discípulo de Jacques-Louis David (1797), pintou composições
mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens. Registrar a
fisionomia da classe burguesa no seu gosto e
poder, revela muito apuro técnico na pintura do corpo humano e de tecidos. Algumas obras: "Banhista de Valpinçon" e "Louis
Bertin".
Bonaparte atravessando os Alpes , Jacques Louis David, 1801 |
Nesta obra podemos observar, além das características da pintura neoclassicista acima mencionadas, o idealismo que retrata Napoleão Bonaparte como um saudável e bem vestido comandante de um exército bem preparado, armado e vencedor, impulsionado por grande entusiasmo, e indicando com o dedo levantado sua intenção de alcançar o topo, a vitória. Lá estaria seu objetivo e demonstra estar disposto a tomar posse de seu lugar, sobre o lombo de um imponente cavalo branco. Veja melhor os detalhes:
Há outras pinturas que representam, talvez de modo mais fiel, este momento da história de Napoleão Bonaparte. Nesta abaixo vemos um comandante no lombo de um burrinho, que seria o mais indicado para transpor montanas, abatido, mal preparado para o rigoroso inverno, e sofrendo com suas insistentes dores de estômago. O acompanham homens cansados e mal nutridos,
Bonaparte cruzando os Alpes, Paul Delaroche, 1848 A seguir, os principais traços desta obra neoclassicista de Jacques Louis David |
Veja mais algumas imagens do Neoclassicismo:
A morte de Marat
A Morte de Marat - Jacques Louis David, 1793 Neoclassicismo |
Em A Morte de
Marat, a vítima foi um dos principais membros da Convenção Nacional, jornalista
radical, editor da publicação L'Ami du Peuple (O Amigo do Povo), um do homens
mais poderosos da França que a governou durante a Revolução Francesa. Sendo
extremista reuniu muitos inimigos. Em 13 de julho, Charlotte Corday, adversária
política de Marat, teve licença para adentrar sua sala de banho, o que era comum,
já que ele sofria de uma doença de pelo e tinha de tomar banhos frequentemente
e usar turbantes embebidos em azeite, seu banheiro era como um escritório.
Assim que teve
oportunidade Charlotte Corday esfaqueou Marat até a morte. Quase foi linchada pelos populares, e
em seu julgamento, disse: "Eu matei um homem para salvar cem mil
vidas". Três dias depois foi para a guilhotina.
Jacques-Louis
David foi convidado pela Convenção a pintar um memorial a Marat.
A face de Marat
- David alterou sua
aparência para parecer um herói martirizado. Removeu suas marcas de pele e o
rejuvenesceu.
Faca do crime - A faca está no chão. Segundo alguns relatos, a faca
ficou alojada no peito de Marat. David excluiu todo elemento que prejudicasse a
imagem de mártir do revolucionário, limpando o sangue e mudando o fundo
ornamentado do banheiro.
Mobília simples - Para mostrar que Marat era um "homem do
povo", David pintou este caixote velho como uma escrivaninha improvisada.
Carta na mão - É uma apresentação de Charlotte: "Basta minha
grande infelicidade para dar-me o direito à sua bondade". David distorce a
verdade para destacar a generosidade do assassinado e demonizar a assassina. Na
verdade, Charlotte conseguiu entrar porque afirmou ter informações sobre os
reacionários, inimigos monarquistas.
Fonte: Blog da EE José Justino de Oliveira
A Princesa de Broglie
A Princesa de Broglie, 1851-53, Jean Auguste Diminique Ingres, Neoclassicismo |
O JURAMENTO DOS HORÁCIOS
Estamos na segunda metade do século
XVIII. Em 1784 a monarquia francesa, baseada no direito divino dos
reis, agonizava. Era preciso reviver os ideais das grandes civilizações,
face à frouxidão moral da época e do regime que a gerava. O impulso para a
revolução política vem dos filósofos iluministas Diderot e Voltaire. A
Revolução Francesa de 1789 estabeleceria o "Estado nacional
republicano", da liberdade,
igualdade e fraternidade.
Contexto do Surgimento do Neoclassicismo: Onde buscar o novo modelo, em contraponto ao
Barroco e ao Rococó?
A pintura, heróica e firme, encarna o
novo sonho político. A celebração da arte, da vida e da moral. A propagação do
heroísmo e da virtude cívica. Que a arte fosse racional, moral e
intelectualizada. Que as ações humanas fossem regidas pela razão e pelo bem
comum. O evangelho social do Iluminismo, onde o pobre, e não a aristocracia
imoral, fosse reconhecido como cheio de virtude e de sentimento sincero e a
ação humana fosse nobre e séria.
As sementes vêm de Roma, do fato
histórico romano dos"Horácios e Curiácios".
Os reinos de Roma e de Alba estão em
disputa pela soberania. Seis guerreiros, três de cada reino, são escolhidos
para decidir a soberania dos reinos: três Horácios de Roma e três Curiácios de
Alba. Desenha-se a tragédia de duas famílias amigas, na defesa de seus reinos. De
um lado, o velho Horácio, o jovem Horácio e seus dois irmãos. De outro, os três
Curiácios. Camila, irmã do jovem Horácio é amante de um dos Curiácios, de quem
tem um filho. Sabina, esposa de Horácio, é irmã de um dos Curiácios. O
compromisso dos guerreiros, de ambos os lados, é lutar, até a morte, pela
supremacia de seus reinos. É a negação total do individual, em benefício do
coletivo. As mulheres sabem que padecerão por perdas e tentam convencer os
guerreiros a desistirem da luta. O velho Horácio os dissuade da opção de não
lutar: Dá-se a luta. O jovem Horácio perde dois irmãos, mas vence ao final,
matando os Curiácios, e é recebido em Roma como herói. A moral coletiva se impõe às paixões
pessoais.
Jacques-Louis David (1748-1825) retrata a cena do compromisso dos Horácios, naquela que
seria a obra-prima do neoclassicismo, um elogio ao heroísmo e à virtude cívica,
ele mesmo um pintor engajado nos ideais da Revolução Francesa. A obra faz de
David o verdadeiro pintor da nova França.
A cena acontece em um ambiente
fechado.
Os três Horácios unidos, com os
braços apontados para o pai ao centro, assistindo ao juramento dos filhos, com
três espadas que lhes serão entregues. A virilidade e robustez expressa-se nos
quatro personagens, sob a frieza das colunas ao fundo. À direita, as mulheres
inertes e passivas. Curvas suaves e braços lânguidos traduzem a emoção da cena.
O reto, o vertical e o viril contrastam com o delicado, o fraco e o lânguido. Camila
e Sabina são a personificação da angústia e da tragédia. A aia, ao fundo, cuida
dos filhos de um dos Horácios e de um dos Curiácios, cujas mães se debruçam,
antecipando o desfecho pressentido. A cor que dominante é o vermelho vivo, que se
torna a cor da Revolução Francesa.
Fonte: Baderna Brasil - De tudo um pouco
Nenhum comentário:
Postar um comentário